Na
escola dos meus sonhos o estudo não seria somente o alimento da mente e da
alma, o que já pode ser considerado um sonho, mas seria também como alimentos
que consumimos com água na boca.
Na
direção desta escola os projetos seriam planejados como se para uma maravilhosa
festa de casamento, onde se pensa em cada mínimo detalhe com muito amor e
carinho; e se escolhe todo o cardápio, da entrada à sobremesa, querendo agradar
a cada convidado presente.
E
é claro que em um casamento não temos somente um jantar muito caprichado, e sim
todo um “entorno” extremamente planejado. Então na minha escola além de um
cardápio caprichado haveria “complementos” muito empolgantes.
Na sala dos
professores a empolgação, para compor o cardápio e servi-lo, seria maravilhosa.
A matemática logo de cara escolheria fazer parte das entradas, e é lógico que
argumentaria a escolha utilizando uma lógica: “a matemática é a base de tudo,
está incluída em todos os conteúdos, tudo é matemática”.
A
matemática pensaria nas maneiras fantásticas de trabalhar os números em suas
bandejas que seriam redondas, triangulares, quadradas, hexagonais..., e
estariam cheias de canapés, quiches, tortinhas, empadinhas, tortilhas, mini
crepes, todos com aromas fantásticos, que fariam o convidado, ou melhor, o
aluno flutuar ou ainda elevar a 3ª ou 4ª potência até a bandeja, mas tudo
servido na medida certa, para não atrapalhar o restante do jantar.
A
língua portuguesa ficaria com o cerimonial, deixando suas regras claras através
da etiqueta, do por favor, e do muito obrigado que podem (e devem) ser
utilizados sem restrições, a todo tempo e em qualquer lugar. O sabor de
elaborar deliciosas frases e compreender palavras fascinantes pode ser
comparado a um manjar dos deuses e todos se deliciariam.
A
história planejaria estar presente ao longo de todo o tempo, relatando todos os
acontecimentos e auxiliando na percepção dos sabores, das descobertas, e também
dos dissabores, dos momentos doces e dos amargos que poderiam surgir, portanto
ficaria com as bebidas.
A
física se preocuparia com o movimento (uniforme, retilíneo, circular...) de
todos, para que dois corpos não pretendessem ocupar o mesmo lugar no espaço
vindo a se chocar, o que poderia provocar uma reação já que toda a ação leva a
uma reação. E para que nada tivesse um sentido negativo e estragasse todo o
magnetismo do momento manteria sua ótica sempre no foco.
A
geografia viria com os pratos típicos de cada país, uma viagem gastronômica
maravilhosa, o ensino teria sabores e temperos diversificados como nossas
etnias, temperaturas variando entre lavas de vulcões e pontas de icebergs,
cores como as dos trópicos, das savanas, do cerrado, das tundras...
A química escolheria a sobremesa, e com que
nobreza faria a união dos elementos, em reações de síntese surgiriam algumas
das guloseimas, já outras seriam através das diferentes condições de
temperatura e pressão; mas todas surpreenderiam pelos seus resultados com
formação ou quebra de moléculas e todos se deliciariam com toda essa explosão de
conhecimento.
A
biologia provocaria um espetáculo à parte. Com um olhar curioso para todas as
situações faria com que os convidados levantassem questionamentos do tipo:
“porque fiquei com água na boca antes mesmo de me servir?”, “o que acontece com
o alimento dentro do meu corpo?”, “as pessoas estão se preocupando com
sustentabilidade?”, “o que posso fazer para melhorar a minha relação com o
planeta?”. Entre um prato e outro realizaria “visitas de campo” ao redor da
festa, veria quanta vida existe no tronco de uma árvore ou em meio a um
gramado; quanta organização em um formigueiro, e quanta beleza e perfume no
canteiro das flores.
É
claro que para realizar toda esta festa de aprendizagem muita ajuda se faz
necessária. Não realizamos todas as refeições na escola, portanto na escola dos
meus sonhos os pais se preocupariam com a educação dos seus filhos, e seriam
parceiros da escola, e ajudariam a despertar em seus filhos o gosto por chocolate,
que é bem fácil e por jiló, não tão fácil. E para que os alunos tivessem um
prato bem diversificado e colorido na cerimônia do ensino que planejei, a
escola dos meus sonhos necessitaria de recursos financeiros e um olhar mais
açucarado, doce e belo dos governantes; vislumbrando a capacidade e a garra do
seu povo que mesmo com tão pouco, diria que com o arroz e feijão, não desiste
dos seus sonhos e lutam por EDUCAÇÃO.
Ana Paula Felipe Jordão
Graduanda
em Ciências Biológicas na Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM).
Trabalhou durante 20 anos com chocolate e arte. Esposa e mãe apaixonada.
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