quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Procura-se uma escola da Cibercultura




Deve haver uma escola intergaláctica para o sonho de Lucas. Lucas é uma criança de noves anos que segue sempre arrastado para sua escola real. Até agora ele só frequentou duas escolas mas não sei por quantas ele ainda irá navegar.
Manheeee...vamos depressa, pois preciso descobrir um planeta! É sempre assim, uma pressa para os jogos, para conversar com os amigos do basquete e principalmente com os amigos virtuais em redes sociais, ao mesmo tempo está acompanhado do amigo imaginário. Os únicos momentos de lentidão e preguiça são: a hora do para casa e estudo e escrita nos livros impressos.
Então, tentarei descrever para você o que poderia ser mais prazeroso para este Lucas e tantos outros garotos e garotas da geração digital. Como poderia ser desenhada esta escola ou até mesmo um dia desta escola conectada ao ciberespaço.

INÍCIO DA MANHÃ
Após a higiene matinal, um momento nunca dispensado é o do lanche. Seria um lanche coletivo com frutas, sucos e espaços para o preparo de sanduíches naturais, ovos mexidos e leite. Uma dieta saudável faz bem para todos. A escolha seria livre e cada um deveria fazer o seu lanche com foco na autonomia e no poder de decisão. Em cada um dos ingredientes deixados na mesa haveria uma etiqueta digital com valores calóricos e com as combinações a serem realizadas na porta da geladeira conectada à web. As escolhas deveriam ser registradas no webfólio disponível para cada aluno com o seu login e senha.
No segundo momento da manhã, as crianças teriam em sua área de trabalho, em seus computadores móveis (tablets, notebooks ou ultrabooks) dicas de links para jogos já previamente selecionados. Estes jogos virtuais poderiam ser mediados entre os colegas em duplas e também entre os amigos virtuais.
A presença dos ícones dos jogos em sua área de trabalho poderia ser fruto de uma negociação entre os mediadores e também entre os pares (colegas de turma). O tempo para estes jogos dependeria da dupla e da proposta de cada tema discutido.
Após o momento do jogo, apareceria no webfólio da criança o tema do projeto já preestabelecido em conversas entre professores e turma de trabalho e pesquisa, assim, ele deveria aprofundar em uma leitura na tela, em uma pesquisa ágil de algum termo relacionado ao assunto e escreveria lá em seu webfólio, na parte do blog o que descobriu, quais os links indicados e que filmes e músicas poderíamos usara par aprofundar no assunto do projeto pessoal.
O final da manhã ficaria então para ouvir músicas, consultar fotos e imagens e assistir os filmes dos projetos coletivos e individuais de cada criança.

 PARADA PARA O ALMOÇO
No momento do almoço, na escola da cibercultura, a criança poderia optar entre encontrar os pais no trabalho e almoçariam com ele. A escola também estaria aberta para os almoços em famílias ou pique niques entre os colegas. Cada um, com um prévio planejamento desenvolveria à sua maneira as duas horas para preparo e almoço seja na escola, em casa ou no shopping próximo ao pai, mãe ou responsável. (Não me venha falar que isto só é possível para a classe média, pois já há shoppings e espaço gourmet em várias regiões centrais ou periféricas da cidade).  O objetivo deste momento aberto é de uma alimentação regada de afeto e com pessoas que a criança confie.

ESPAÇO TARDE
Na retomada dos trabalhos da tarde haveria um momento coletivo com lousas digitais e apresentações de dúvidas retiradas entre os colegas e os professores referência de cada turma. Normalmente, estas dúvidas surgiriam tanto da vivência quanto da escrita dos seus projetos de pesquisa e já estariam registradas em seus blogs para aprofundar e discutir com os professores orientadores.
A lousa digital também proporcionaria o acesso aos registros dos alunos, a bibliotecas e softwares que seriam utilizados coletivamente.
Até o lanche da tarde haveria muita discussão e a vivências mediadas pelos softwares e livros escolhidos no aprofundamento.
O lanche da tarde seria oferecido nos mesmos moldes do lanche do início da manhã com uma outra diferença de acordo com o dia e o tipo de evento para o final da tarde. Apresentação de desenhos digitais, de poesias eletrônicas, uma tarde de música eletrônica ou mesmo novas ideias de projetos.
Este final de tarde poderia ter um sarau, uma peça de teatro em ensaios ou apresentações, show de dança tudo fotografado para ser editado e remixado pelos próprios alunos. Assim aprenderíamos com o poder da mídia e a manipulação de imagens e fatos.
E com certeza, a noite não haveria choro nem vela para os afazeres de casa disponíveis no webfólio do Lucas que prontamente acessaria o seu dia, o seu roteiro e o que ainda falta para ser feito em sua pesquisa escolar de trabalho, com novas dúvidas e principalmente um trabalho em uma rede de conexões e sentido.


 

Luciana Zenha

Professora universitária há mais de quinze anos pela Universidade do Estado de Minas Gerais - UEMG no curso de Pedagogia. Doutoranda em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG pesquisa redes sociais e aprendizagem online e tecnologias educacionais.  Coordena produção de material didático em EAD. Tem como campo de interesse as tecnologias sociais e culturais, robótica e redes em formação.

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